domingo, 16 de agosto de 2009
O Louco do Cati
Sipnose:
O Louco do Cati é considerado um dos romances mais importantes do escritor gaúcho Dyonelio Machado, autor do já clássico Os Ratos. Publicado em 1942, durante o Estado Novo, o texto foi "ditado" pelo autor, então doente. Desde a abertura da narrativa, o leitor percebe uma atmosfera insólita, presente no universo ficcional do romancista. Em Porto Alegre, um grupo de rapazes se reúne numa oficina mecânica e decide fazer uma viagem curta e divertida, "viagem de prazer até o mar". A esses jovens junta-se o Cati, como é conhecido o personagem que dá título ao romance. Quando chegam ao mar, dois dos rapazes (Norberto e Cati) decidem continuar a viagem e se desgarram do grupo. É nesse momento que as peripécias de uma viagem de prazer vão se tornando, aos poucos, um pesadelo, uma descida ao inferno. Perto de Florianópolis Norberto e o maluco são detidos de forma inexplicável, e em seguida são conduzidos de barco ao Rio de Janeiro, onde passam uma temporada no cárcere. O ambiente opressivo do Estado Novo pontua uma parte dessa desventura insólita, pois a prisão arbitrária dos dois personagens é, em si, significativa. Além disso, o silêncio de Cati pode ser visto como uma metáfora à censura e ao medo durante esse período da vida política brasileira. Por outro lado, a loucura do personagem vem de sua infância, das visões de horror -tortura, degolas, prisões -que aconteciam naquele lugar, o Cati, situado no interior do Rio Grande. É esse lugar terrível que o narrador evoca em contraponto com sua vida no presente, formando, assim, "uma ponte rápida e sonhadora entre dois mistérios". Personagem estranha em seu mutismo, Cati é conduzido e se deixa conduzir pelos outros, até o regresso solitário à pequena cidade de sua infância. Num lance fantástico, ele se depara com o demônio, na forma de um lobisomem, antes de entrar nas ruínas do quartel cujas histórias assombraram a sua vida. Em seu estilo enxuto, é possível perceber a inflexão oral de quem "recita" uma história que está sendo escrita. Daí, talvez, o equilíbrio entre frases longas e breves, entre o tom coloquial e o elevado, que, no conjunto, modulam o ritmo da linguagem, um dos feitos desse romance marcante.
Características:
Muito Bom Estado, com capa branca manchada
Ed. Planeta
ano: 2003 - 5ª edição
brochura - 367 págs.
ISBN 85-74796-37-9
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